terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sem título


Van Gogh

O céu infinitamente negro
Dominou-se pelos lampejos
Incessantes das plêiades
Que alardavam em suas chamas
E brilhavam toda sua magnificência

Sob seu fulgor
Um poeta malogrado
Refletia no seu choro o céu chamuscado

Da plêiade mais distante
Dependeu-se uma estrela
Riscando os campos negros
Atingindo o pranto do homem
Agora, tudo era rastro
Tudo era poeira

(outro da safra de achaduras)

A ferida do ser



na boca,
o gosto de sangue
no sangue,
o fervor da vida
na vida,
a amargura do ser
de ser,
uma grande ferida


(poema antigo achado nas achaduras)

domingo, 20 de setembro de 2009

Imperatives


                                         Salvador Dali

Write
start a song
Sing
dance a song
move
do not stand like a tree
roots
swing
move
FinisH

sábado, 15 de agosto de 2009

Orientações, direções, mapas e localizações

A minha noção de direção faria, se fosse um instrumentista dessas coisas de trânsito, o meu orientado andar em círculos.

Para minha sorte ou azar, Arthur é meu companheiro de viagem e conhece escrupulosamente o norte e todas as direções. Eu, pelo contrário, nunca me acho, mas também não me perco porque Roma está aí para provar o contrário.

Gosto de andar só nas minhas aventuranças, é um verdade. Quando não tenho um Arthur GPS Péricles do lado é que vou descobrindo novos lugares e suas particularidades, assim, meio perdido, perdido inteiro. Isso só não vale quando estou atrasado. Mas é se perdendo que se acha.

TV







Televisão é a mesma merda em tudo A Márcia Goldsmith daqui é ainda pior do que a brasileira, os realities-show importados da América, igualmente piores, as novelas daqui... bem, ainda não vi nenhuma, mas se houvessem, seriam desastrosas.

que é lugar, mas na Austrália a coisa fica mais preta do que cego no escuro. A única programação que se salva são os noticiários, mas como minha percepção do idioma ainda não é das melhores, nem posso fazer uma avaliação qualitativa. A julgar pelo impresso, pressuponho que não é lá tanta coisa.

Por incresça que parível, só consigo entender, perfeitamente, a previsão do tempo – isso também não é grande coisa; o clima sempre estará windy or cloudy, rainy and cold, very cold. Ainda bem que eles usam Celsius a Farenheit, senão, não faria a menor importância o frio que fizesse, não saberia mensurá-lo mesmo.

Até hoje não entendo como posso ser publicitário se não gosto de televisão – agora faço uma observação sobre a propaganda. Essas sim, são de péssima qualidade. Os “varejão” daqui conseguem ser piores que os de lá, piores até dos que se fazem em Camaçari. É muita tosqueira. Os produtos não são nada desejáveis – as embalagens de bebidas parecem de remédio e as de comida, inseticida. Essas embalagens revelam um pouco do tradicionalismo australiano – mas não entendo como é possível todo esse tradicionalismo na propaganda e usarem roupas furta-cores. Em compensação, exibem um calhamaço de séries que no fim das contas se salvam uma aqui ou outra ali.

O que se salva de verdade são dois programas exibidos quartas ou terças às noites, não tenho certeza. Um se chama 20 to 1, uma espécie de Top Top (MTV) que lista as 20melhores cenas do cinema sobre um determinado tema. O outro é Breakdown, um programa adulto de propagandas escrotas de todo o mundo.

Sendo assim, ligo a TV de manhã para a previsão do tempo e à noite, para me distrair com algum som enquanto leio ou escrevo.

Multicultural

É verdade que 28% da população australiana não é nativa e que até agora eu nunca vi um canguru, coala ou aborígene – australiano também?

Melbourne é uma Torre de Babel e eu preciso de um Babel Fish para encaixar eu meus ouvidos. A multiplicidade de línguas, principalmente orientais, que eu escuto aqui é coisa de outro mundo – literalmente. Chinas e japas e tailandeses e malauianos e turcos e indianos e árabes – menos australianos. Até hoje, a maior concentração de aussies* que presenciei foi em uma sala de cinema.

Não era mentira quando a pesquisa, antes de vir para cá, anunciou que não deveria me preocupar como meu inglês soaria. O inglês daqui é verdadeiramente macarrônico. Ninguém vai se importar se eu cantar um pouquinho do meu pasmódico baianês – os tinglings superam isso facilmente.

É possível, aqui, comprar da mais podre junkie food ao estilo americano aos famosos fish’n chips australianos; dos noodles coreanos aos kebabs turcos; das castanhas indianas com chocolate europeu às pizzas, tipicamente italianas, feitas por chineses.
É um escarcéu de gente e de gente do mundo todo.

Deus é poliglota

Quando se está em apuros, Deus é a primeira recorrência. Ele sempre estará pronto para atender às suas preces. É só rogar. Morar numa cidade que não se conhece nada é terrível, você acaba pagando mais caro pelo menos bom. Não conhece os melhores lugares, horários e outras questões dessa natureza. O que fazer nessas horas? Pergunta a alguém. E se não houver alguém? Chama por Deus!

Tutu – Zé, você conhece algum site que vende coisas pela internet?

Zé – Aqui em Melbourne?

Tutu – Não necessariamente, na Austrália.

Zé – Pergunta a Deus!

Tutu – Será que o Deus daqui entende se eu rezar em português?

Risadas comunais.

Google sem dúvida é o novo Deus. Pergunta + pra + ele + que + ele + responde. E em qualquer língua.

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